Meu maior sonho é colocar minhas próteses e poder abraçar e acariciar os meus filhos”
“Não tem outro jeito. Vamos ter que amputar suas duas mãos”, esta frase fica martelando todos os dias na cabeça do eletricista Doryedson Ferreira de Souza, de 38 anos. Tudo aconteceu por conta do trabalho que tanto amava, mas que, em fevereiro de 2019, mutilou seu corpo e sua alma. Ele era funcionário da empresa cia elétrica CGB, de Petrolina (MA), e recebeu um choque elétrico quando executava o serviço de manutenção na chave elétrica num poste da cidade de Santa Luzia do Tide (MA).
Desde então, girar a chave na fechadura, amarrar o sapato e escovar os dentes, tarefas diárias simples e que passam despercebidas para muita gente, passaram a ser o maior desejo de Doryedson. A imagem daquele rapaz jovem, brincalhão e cheio de vida, que adorava fazer exercício físico todos os dias depois do serviço deu lugar para uma aparência cansada, triste e totalmente dependente de outras pessoas para tudo.
A tristeza que cerca a história do trabalhador revolta ainda mais pelo descaso por ele sofrido, quando a empresa que era para tê-lo amparado, não o fez. Pior do que isso, que alega ter sido ele o principal responsável pelo seu próprio acidente.
Pai de dois filhos, no momento residindo longe deles, em Santa Inês (MA), e sobrevivendo apenas com o dinheiro do benefício que recebe do INSS, Doryedson nunca pensou que poderia um dia passar por tanta dor, não podendo se quer levar a comida até a boca. Para piorar, em janeiro de 2021, seus dois filhos perderam a mãe, com quem moravam. “Meu desespero aumentou, pois me sinto impotente para ajudar mais, fazer o meu papel de pai. Como eu queria acolher os meus filhos e dizer que eles não vão ficar desamparados, que é como eu me sinto hoje”, lamenta.
O SONHO DE TER SUA VIDA DE VOLTA
Numa pressão diária por conta de tantas dificuldades, psicológicas e financeiras, sem nenhuma assistência da empresa, Doryedson luta por justiça, para se reabilitar e voltar a planejar o futuro. “Meu maior sonho é colocar minhas próteses e poder abraçar e acariciar os meus filhos”. Mesmo diante de tanta incerteza, tudo o que ele quer é trazer seus filhos para perto, voltar a trabalhar e ter condições de dar uma vida digna para a família. No entanto, sem dinheiro para nenhum tipo de tratamento médico, e apenas com o pouco que recebe para conseguir comer, ele se desespera ao ver que o tempo está passando e que pode não ter tão cedo essa chance. “Eu peço encarecidamente a ajuda de todos. Sempre fui um homem batalhador, que levantava cedo e corria atrás dos sonhos. Hoje sofro por não conseguir executar as tarefas mais simples, mas eu sei minha história vai tocar em muitos corações. Quem puder me ajudar, eu não tenho nem palavras para agradecer, apenas a certeza de que Deus vai recompensar”, conclui.